Devido ao período de pandemia que atravessamos, também os oradores têm de adaptar as suas rotinas e técnicas retóricas. O uso obrigatório da máscara em mais de 50 países mundiais, coloca novos desafios para que eles se façam ouvir e entender com sucesso. Afinal, está provado que ler as emoções na face dos nossos interlocutores ajuda a interação social, reduz as incompreensões e possibilita a melhor coordenação da interação. Sobre como as máscaras estão a afetar a nossa comunicação, podem ler este artigo da BBC.
Todos os dias, milhares de professores (incluindo alunos), comerciais, consultores, deputados, jornalistas e demais profissões têm de se fazer compreender apesar das dificuldades que o uso da máscara à frente da boca causa.
O maior problema prende-se com a falta de eloquência.
Tapada pela máscara, a face é torna-se despersonalizada e pouco expressiva. Apenas os olhos e sobrancelhas ajudam a comunicar a mensagem. Por outro lado, a máscara à frente da boca e nariz impede a saída livre da voz e coloca especiais problemas ao nível da correta respiração do orador. As consequências mais frequentes prendem-se com a dificuldade que o auditório sente em perceber o orador, além deste tender a entrecortar as suas frases devido à maior dificuldade em respirar de forma natural. As expirações tornam-se forçadas e isso condiciona o ritmo e fluência oratória.
Para evitar esta adversidade, deixo 3 dicas para comunicar eficazmente em tempo de pandemia.
A comunicação não-verbal torna-se fundamental
Se perdeu uma das maiores armas que é a expressividade da face (a propósito, sabia que a face possui 20 músculos diferentes?), então, terá de reforçar outros aspectos da comunicação. Neste contexto, se não podemos complementar as nossas ideias com a expressividade facial, podemos ter grande cuidado com a nossa comunicação não-verbal, em especial, a linguagem corporal.
Compense o uso da máscara com mais gestos, inclinações da cabeça e uso das sobrancelhas. Não ignore a expressividade que os braços e as mãos podem acrescentar aos seus discursos. E domine o movimento corporal em geral para ele sublinhar e dar expressividade àquilo que está a dizer.
Além disso, use uma máscara sóbria e simples para que a atenção do auditório possa dirigir-se à linguagem corporal e não ser atraída para a irreverência e apelo da máscara facial.
Coloque a voz, fale mais alto e melhore a dicção
Com máscara, a sua voz vai perder volume e colocação. Compense estas desvantagens falando mais devagar, mais alto e com mais definição articular dos fonemas (isto é, dicção).
Não fale ao seu ritmo habitual. Faça por diminui-lo 1/4. Se não sabe qual é o seu ritmo oratório, aprenda a medi-lo
aqui. Se falar menos mas mais alto o auditório vai ter maior facilidade em segui-lo. Exagere a proferição silábica e diga cada sílaba com especial cuidado para que a máscara não mascare o som da sua voz. Fale também um pouco mais alto do que tem tendência a fazer para contrariar a barreira que a máscara representa.
Sintetize e repita as suas ideias
Sintetizar regularmente as principais ideias é uma regra de ouro que ensino sempre aos meus alunos. Mas neste tempo de comunicação pandémica, sintetizar, com frequência, os aspectos mais salientes do discurso é ainda mais importante. A máscara poderá fazer com que o auditório perca certas partes do discurso. Se as referir apenas uma vez, arrisca-se a que ele não retenha o essencial. Para além de sintetizar, volte a repetir as ideias, se possível, através de outras palavras. Certifique-se que por não ouvir certa passagem, o auditório fique impossibilitado de compreender as suas ideias. Neste caso concreto, não tenha medo de repetir-se.
Resuma e reformule sempre que necessário compensando a perda de certas passagens dos discurso que a máscara induz.
Retoricamente, bons discursos (com máscara)!
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