Grandes Discursos: Charles de Gaulle a 18 de Junho de 1940


A 18 de Junho de 1940, o General Charles de Gaulle pronunciava o discurso fundador da Resistência Francesa durante a II Guerra Mundial. Transmitido pela rádio britânica BBC, o discurso, além de apelar à luta contra o Terceiro Reich, prenuncia já a mundialização da Guerra.


Era claro já que a França estava em risco de perder a guerra e tornar-se uma colónia alemã. Recusando assinar o armistício, o Primeiro-Ministro Paul Reynaud foi forçado a demitir-se e a ser substituído por Philippe Petain, o qual havia manifestado maior disponibilidade para acomodar as pretensões alemãs. Em desacordo com esta substituição, o General Charles de Gaulle, líder das Forças Livres Francesas (Forces Françaises Libres) reuniu-se com os responsáveis britânicos (incluindo Wiston Churchill) para delinear as acções futuras.
Foi neste contexto que ele proferiu um discurso, em Londres, perante os microfones da BBC. Nele, de Gaulle exorta os franceses a não perder a esperança e desafia-os a combater a ocupação alemã.


Ao nível retórico, é interessante assinalar:
  • O título é já uma interpelação do auditório (Peuple de France!)
  • As palavras principais do discurso encontram-se em maiúsculas, assinalando a sua importância e, simultaneamente, marcando a mudança de entoação e/ou volume do discurso. Ao colocá-las em maiúsculas, de Gaulle usa uma referência visual para salientar e reforçar as principais ideias .
  • Anáfora - a repetição de palavras em frases consecutivas (Vive ….)
  • Aliteração (Confiance et Courage)
  • Pergunta retórica (Qui peut relever la France?)
  • Repetição (Il faut remettre la France au travail)
  • Enumeração (dans les campagnes, dans les usines, dans les casernes...)
  • A identificação do orador com as preocupações do auditório (em especial, a classe trabalhadora)
  • Investe o Povo com o dom da libertação nacional.





Excerto (no original francês:

 « Peuple de France ! »

« Notre pays connait maintenant les terribles conséquences de la politique criminelle suivie par des gouvernements indignes, responsables de la GUERRE, de la DÉFAITE, de L'OCCUPATION...
... La France meurtrie, douloureuse, trahie par ses dirigeants subit la rançon de la défaite. Voilà où nous ont conduits les politiciens à la DALADIER, à la REYNAUD, à la MANDEL, qui, soutenus par un Parlement de VALETS et de corrompus, ont poussé la France à la guerre pour servir les intérêts des ploutocrates, pour supprimer les libertés publiques, pour faire régner la terreur, écraser le peuple et porter les armes contre l'URSS, pays du socialisme...
... Jamais un grand peuple comme le nôtre ne sera un peuple d’esclaves et si, malgré la terreur ce peuple a su, sous les formes les plus diverses, montrer sa réprobation de voir la France enchaînée au char de l’impérialisme britannique, il saura signifier aussi à la bande actuellement au pouvoir, SA VOLONTÉ D’ÊTRE LIBRE.
... Qui peut relever la France ? C'est la question qui se pose. Ce ne sont ni les généraux battus, ni les affairistes, ni les politiciens tarés qui peuvent relever la France ; ils ne sont bons qu'à la trahir et à la vendre. Ce n'est pas dans les milieux corrompus du capitalisme que peuvent se trouver les éléments de la renaissance nationale. C'est dans le Peuple que résident les grands espoirs de libération nationale et sociale. Et c'est seulement autour de la classe ouvrière ardente et généreuse, pleine de confiance et de courage, parce que l'avenir lui appartient ; c'est seulement autour de la classe ouvrière guidée par le Parti Communiste, Parti de propreté, d'honneur et d'héroïsme, que peut se constituer LE FRONT DE LA LIBERTÉ, DE L'INDÉPENDANCE ET DE LA RENAISSANCE DE LA FRANCE...
... IL FAUT REMETTRE LA FRANCE AU TRAVAIL, mais en attendant, il faut assurer le pain quotidien aux sans-travail. Et pour remettre le pays au travail il faut mobiliser les ressources de la Nation, EN CONFISQUANT TOUS LES BÉNÉFICES DE GUERRE ET EN EFFECTUANT UN PRÉLÈVEMENT MASSIF SUR LES GROSSES FORTUNES. IL FAUT REMETTRE LA FRANCE AU TRAVAIL, mais pour cela les voleurs capitalistes doivent être mis hors d'état de nuire, les mines, les banques, les chemins de fer, les chutes d'eau et autres grosses entreprises doivent être restitués à la Nation...
... Voilà travailleurs et démocrates français les résultats de la politique de Daladier, Blum et consorts qui, en frappant le Parti communiste français, ont préparé la destruction des libertés républicaines dans notre pays et viennent d'aider Laval-Marquet et Weygand à devenir les maîtres de la France.
Mais le Peuple de France ne se laissera pas faire. A la ville, dans les campagnes, dans les usines, dans les casernes doit se former le front des hommes libres contre la dictature des forbans.
À la porte le gouvernement de Vichy ! À la porte le gouvernement des ploutocrates et des profiteurs de guerre !
C'est un tout autre gouvernement qu'il faut à la France...
- À bas le capitalisme générateur de misère et de guerre !
- Vive l'Union Soviétique de Lénine et Staline, espoir des travailleurs du Monde.
… Vive l'unité de la Nation Française.
… Vive la France libre et indépendante.
… Vive le Parti Communiste Français, espoir du Peuple de France.
… Vive le Gouvernement du Peuple au service du Peuple ! »


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Retoricamente, bons discursos!


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