Mito: só os oradores inexperientes ficam nervosos!
Uma delas talvez seja acreditarmos que apenas os oradores amadores, ou que são menos experientes, sentem nervosismo antes das suas apresentações.
Trata-se de um mito!
Na verdade, encontra-se muito longe do que acontece, todos os dias, nos diversos palcos do planeta.
Os oradores mais experientes também ficam nervosos. De facto, aqueles oradores que mais nos impressionam lidam, tal como qualquer outra pessoa, com o nervosismo e excitação psíquica. A diferença é que eles sabem como impedir que a agitação interior que sentem evolua e se transforme em ansiedade oratória.
Neste post, pelo contrário, concentramo-nos nos efeitos positivos que o nervosismo pode ter antes de se transformar num obstáculo.
Assim, não apenas o nervosismo é algo natural nos oradores, como também é uma importante forma de melhorar a sua comunicação.
Eis 2 motivos pelos quais deve passar a aceitar - e não a evitar - a sensação de nervosismo.
O nervosismo de falar em público torna-o melhor orador
O nervosismo aguça todas as suas capacidades. Sem algum nervosismo não existe o apurar da atenção e concentração que irão elevar as suas competências ao próximo nível.
É o medo que irá incitá-lo a preparar-se melhor e a antecipar um conjunto de imponderáveis sobre o discurso público.
Eu aprendi isso da maneira mais dura.
Certa tarde decorreria uma tertúlia onde, de forma descontraída e semi-formal, discorreríamos sobre alguns livros que tivéssemos lido recentemente (académicos ou não) e partilharíamos as nossas impressões com o (pequeno) auditório. Nesse dia, eu estava descontraído. Demasiado descontraído! Não senti qualquer nervosismo, afinal era "apenas" uma tertúlia, certo?
Errado. Era um momento oratório. Independentemente da ocasião e lugar onde discurse, trata-se ainda e sempre de comunicar em público. Trata-se, ainda e sempre, de persuadir o auditório a acreditar numa mensagem que lhe cremos transmitir.
Nesse dia, eu fui complacente. Não estava o nervoso o suficiente para despertar a minha melhor oratória. Houve tópicos de que me esqueci de mencionar e houve partes menos claras do que eu desejava. Sem nervosismo, relaxei. E, dessa maneira, sem o nervosismo que aguçasse a minha concentração, a comunicação não teve o impacto que eu esperava. Foi uma oportunidade perdida.
Não negligencie o nervosismo. Leve-o a sério. E faça dele o seu aliado!
Use a adrenalina causada pelo nervosismo para dar o seu melhor
Lembra-se da última vez que falou perante uma assembleia de pessoas? Como se sentiu? Recorda-se de toda a adrenalina que subitamente o invadiu?
Na verdade, um surto de excitação ou de adrenalina é algo natural e que, frequentemente, induz a sensação de ansiedade ou nervosismo. Mas isso não tem de ser sempre assim!
A subida da adrenalina pode, não induzir uma ansiedade paralizante e asfixiante, mas criar a oportunidade de se exceder e revelar o poder oratório que possui dentro de si.
Se se importa realmente com a apresentação que está prestes a fazer, então, irá sentir-se um pouco nervoso. Essa sensação é acompanhada de um quase estado febril onde a exaltação da adrenalina irá ajudá-lo a transformar o nervosismo em excitação entusiástica.
A adrenalina revela a sua paixão pelo tema. Ela aumenta exponencialmente o ardor e veemenência que imprime aos seus gestos e palavras. Um orador sem algum nervosismo dificilmente demonstrará uma oratória envolvente porque lhe falta o elemento que alimenta a chama da eloquência: a paixão ou interesse pelas ideias que apresenta.
O nervosismo e a adrenalina correspondente trazem consigo este benefício que é o de espicaçarem o orador e dar o melhor de si colocando intensidade emotiva no seu discurso.
Em síntese, não esteja incomodado por sentir nervosismo. Esteja agradecido.
O nervosismo pode ser o ingrediente que faltava para não se tornar complacente com o seu discurso e dar a máxima veemência à sua prelecção!
Retoricamente, bons discursos (com alguma excitação)!