Como usar as pausas a seu favor

Para ser persuasivo e causar impacto no auditório, um discurso deve ser pontuado. Na oralidade, as pausas  - os silêncios que o orador cria - são as pontuações que permitem que as ideias do orador sejam claras e expressivas. 
Saber usar retóricamente as pausas revela-se inestimável. São as pausas convenientes que permitem que o orador seja compreendido. São elas, também, que veiculam grande parte do valor emocional de certas passagens do discurso, destacando assuntos ou salientando palavras.

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Eis alguns dos principais tipos de pausas:
  • Pausa de Intervalo: o silêncio antes do discurso

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O primeiro tipo de pausa é-nos ilustrado pelos vencedores dos Óscares. Já reparou, com certeza, que eles não iniciam o seu discurso de agradecimento de repente. Normalmente, eles sorriem, olham para a plateia (ou a câmara de televisão), respiram (alguns voltam a sorrir) e só depois começam a falar.
A pausa de intervalo refere o tempo que o orador coloca entre si e o seu discurso. 
É o tempo de estar. O tempo de olhar. O tempo de concentrar a atenção neles mesmos.
Quando for apresentado como orador não inicie imediatamente a discursar. Pare, escute, olhe. Respire. Faça contacto visual. E então comece a brilhar.
  • Pausa de Passagem : o silêncio durante o discurso
A pausa de passagem refere-se aos silêncios que o orador impõe ao seu discurso entre parágrafos. É uma pausa funcional que assinala a passagem de uma ideia a outra. Representa a articulação das partes do seu discurso em elementos mais pequenos.
A pausa de passagem ajuda o orador a abrandar o ritmo da comunicação. Possui a vantagem de o obrigar a respeitar o tempo. Alerta-o para a necessidade de conceder oportunidades do auditório acompanharem, ao seu ritmo, a exposição que lhes apresenta.
  • Pausa de Enfâse : o silêncio eloquente
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Este tipo de pausas acentua, destaca e sublinha determinado aspecto do discurso. Trata-se de usar o silêncio de forma eloquente para reforçar o efeito oratório daquilo que pretendemos fazer compreender. Frequentemente, segue-se a uma declaração: "Eis o que vos trago... [silêncio] (...)".
Quanto mais longas as pausas, maior a importância do que está  ser afirmado.
Além disso, a pausa de enfâse é extremamente eficaz a ganhar a atenção do auditório. São estes silêncios pesados que trazem as pessoas de volta ao orador.
  • Pausa de Expressão: o silêncio como  oportunidade do auditório se exprimir
O quarto tipo de pausas é, não raras vezes, negligenciado. A pausa de expressão é, todavia, muito importante para o auditório se manifestar. Elas acontecem sobretudo em momentos cómicos ou humorísticos do discurso. 

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São aqueles silêncios em que o orador interrompe propositadamente a sua exposição para deixar o auditório reagir: rindo-se,  fazendo gestos, emitindo expressões de comentário, reagindo sonoramente, etc. São pausas dramáticas e, por isso, muitas vezes, são pausas de expressão emocional.

As pausas de expressão são das mais difíceis de dominar pois requerem um elevado grau de sensibilidade por parte do orador e exige que este saiba como gerir da melhor maneira os momentos destas pausas. Simplesmente, há oradores que terminam este silêncio demasiado cedo privando o auditório de uma oportunidade para se exprimir. E embora possa não parecer: os auditórios estão ansiosos por se exprimirem!  Basta dar-lhes um pretexto, aplicar a pausa no momento certo, e eis uma ligação emotiva entre orador e auditório.
Os melhores oradores intuem o melhor momento para aplicarem este tipo de pausas e, deste modo, retiram o máximo potencial dos seus discursos!

Na oratória, a oportunidade é tudo! 
Saber encontrá-la e gerir os momentos convenientes oferece uma grande vantagem a um orador para comunicar com sucesso.


Boas pausas e cativantes apresentações!

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