"O Síndroma do Tempo". E agora?

"Adoptaoritmodanatureza:oseusegredoéapaciência"

Percebeu?
Nem eu.


Muitos oradores são afligidos por uma coisa terrível: o tempo. Sabemos o quanto o tempo é impedioso e que nunca dá tréguas. Algumas pessoas apresentam o Sindroma do Tempo: sentem que não têm tempo para apresentar todas as suas ideias. Para elas, o tempo não se compadece nunca; passa sempre de forma constante... e cruel!

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Assim, muitos oradores apressam o seu discurso e procuram encurtá-lo de modo a encaixar-se nos (poucos  e escassos) minutos que lhe são destinados.
Contudo, em vez de economizarem as suas ideias, eles dizem as mesmas coisas... mas muito mais depressa!
A cena é frequente: uma comunicação de 45 minutos "espremida" em 20 minutos. Isto não é assim tão raro nas conferências por onde tenho passado.
Perante a falta de tempo, a tendência da maioria dos oradores é manter a apresentação inicial e condensar as ideias. 
Eles começam, assim, a falar mais depressa, muito mais depressa. As sílabas das palavras quase não são pronunciadas na sua totalidade, as pausas entre frases ficam reduzidas ao mínimo indispensável, e os parágrafos sucedem-se, inclementemente, em catadupa sem descanso.
O orador corre contra o tempo. Ele mal respira, fica sem ar afogando o auditório num mar de dados, gráficos, imagens e informação. Na luta contra o tempo quem normalmente sofre é o discurso.

Voltemos à frase. 
Lembra-se de não a ter percebido imediatamente? Isso foi porque ela foi apresentada de forma ilegível. Isto é o que sucede quando os oradores, numa angustiante luta contra o tempo, falam sem pausas ou silêncios.
Quando o orador debita ou dispara informação torna a sua comunicação indistinta, confusa e incompreensível. Tal como a frase inicial se torna dificil de ler, assim muitas apresentações são dificieis de ouvir e compreender.


A citação é do ensaísta americano Ralph Waldo Emerson e é, afinal, muito fácil de der lida: "Adopta o ritmo da natureza:o seu segredo é a paciência". Quando damos espaço às palavras estas revelam-se.

A solução para evitar que os discursos se tornam pastosos, acelerados e nebulosos?
Não lute contra o tempo! É escusado.

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Não queira proferir integralmente o seu discurso enquanto o comprime num terço do tempo para o qual ele foi destinado. Não violente a sua comunicação falando quase sem respirar, sem pausas ou silêncios. 
Pode não dispor de tempo mas é fundamental que dê tempo ao seu auditório para escutar e interpretar as suas ideias.

Adapte a sua comunicação ao tempo que possui para a apresentar! 
Seja porque demorou demasiado tempo numa parte do discurso, seja porque o moderador, vindo do nada, lhe acena com a indicação de que só dispõe de mais 5 minutos, não fale mais rápido. Condense as suas ideias selecionando-as aquelas que realmente são importantes.
No caso de ter menos tempo do que o necessário, deve editar o discurso original, retirando-lhe algumas páginas (consequentemente parágrafos). Não se trata de falar mais depressa mas de partilhar pausadamente, no tempo certo, menos ideias!

O segredo para não asfixiar o auditório é fazer uma síntese do discurso original. Fale com segurança sem "correr". Administre pausas. Deixe alguns silêncios entre os parágrafos. Dê tempo ao seu auditório para o compreender. Não intensifique o ritmo oratório pois irá cansar-se a si e ao auditório.

Em alternativa, keep calm! 
Adapte o seu discurso aos 20 minutos, resume-o, mas mantenha toda a técnica oratória que o caracteriza. 
Fale devagar, não lute contra o tempo, faça dele o seu aliado e dê tempo ao seu auditório.



Boas (e tranquilas) apresentações!

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